segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Voto opcional

Contra o voto obrigatório
Até que ponto somos livres?


Muitas vezes cansamos de ouvir e até de falar que o Brasil é um país livre, democrático e sem grandes demonstrações de preconceito religioso, étnico ou sexual. Os casos ainda existem, mas tendem a ficar mais escassos. Porém, até que ponto temos de satisfazer outras vontades que não a nossa?

É óbvio que as pessoas devem ter o mínimo de obrigação para que a vida não fique uma completa desordem. Os trabalhadores devem, no mínimo, respeitar o empregador. O empregador deve remunerar o seu empregado. E o cidadão brasileiro que tem entre 18 e 70 anos deve votar. Mas o voto deveria ser uma questão obrigatória ou opcional?

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) geralmente divulga, com orgulho, no dia seguinte à eleição que 80 ou 90% da população brasileira compareceram às urnas. “Um exemplo de democracia”. Mas onde está a democracia se eu devo votar no candidato “A” – que rouba, mas faz – ou no candidato “B” – que não tem a mínima preparação para ocupar um cargo público?

Até 1996, quando a urna eletrônica foi utilizada pela primeira vez, conseguíamos encontrar uma forma de protestar contra os candidatos despreparados. No Rio de Janeiro, por exemplo, em 1988 o macaco Tião, um chimpanzé do zoológico municipal, recebeu mais de 400 mil votos e terminou a eleição como o terceiro candidato mais votado. Nada contra a tal urna eletrônica, mas que ela reduz a liberdade de expressão dos eleitores indignados, disso ninguém pode discordar.

O que quero, com isso, é defender o direito do voto opcional. Seguindo as regras do TSE se, por exemplo, somente 30% da população votarem em candidatos válidos e os outros 70% anularem o voto, nada acontece. A eleição continua sendo válida. Então, torna-se uma incoerência exigir que 70% da população votem somente para não perder alguns direitos civis, como a ocupação de um cargo público, por exemplo.

Caso o voto fosse opcional e somente 30 ou 40% da população votassem com frequência, os bons candidatos surgiriam com propostas aceitáveis para buscar o voto dos 60 ou 70% que estariam de fora das eleições e isso melhoraria o nível da política nacional. Até lá, continuaremos com políticos meia boca e uma semidemocracia.

Por Giordany B. Soave

0 comentários: