segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Obrigar? Não, educar!

Ok. Conquistamos o direito de votar com o decorrer do tempo, mas não conquistamos totalmente o direito de escolha. Podemos escolher em quem queremos votar, mas não podemos decidir se queremos ou não participar das eleições. Há quem pense o contrário, pois existe voto nulo, voto em branco, porém ainda assim continua sendo VOTO.

No Brasil, o voto é facultativo (não obrigatório) somente para analfabetos, menores de 18 anos e maiores de 70 anos. Segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE/SC) existem 90.468 eleitores analfabetos e 77.601 jovens menores de 18 anos com cadastro eleitoral. Não foram divulgados dados referentes aos eleitores maiores de 70 anos.

Existem mais de 90 mil analfabetos que possuem cadastro eleitoral. Mas quantos “analfabetos políticos” existem, afinal? Classifico assim pessoas que não entendem a política como deveriam. Não sabem ou não conseguem identificar os principais pontos que um bom parlamentar deve ter: saber legislar, fiscalizar e propor políticas públicas.

Lembro que assim que eu pude, fui fazer o título eleitoral. Aquilo representava para mim - na época - maturidade. Não sei porque, acho que era o fato de só ver pessoas mais velhas discutindo sobre política. Hoje quando eu penso nisso concluo que não amadureci depois que fiz o título e que precisamos de uma educação política.
No colégio, pelo menos a maioria dos que eu conheço, não há uma disciplina que seja direcionada à política. Somente depois que entrei na faculdade, aos 17 anos e comecei a fazer estágio na Rádio Escuta do Palácio Piratini (caso do Governo do Estado do Rio Grande do Sul) é que comecei a entender um pouco do que representava a minha ignorância política.

Eu tinha votado, pouco tempo atrás e sequer lembrava em quem. Um horror! Uma estudante de Jornalismo que não sabia NADA sobre a política, nem mesmo regional. Para não ficar fazendo papel de “novata burra”, comecei a prestar atenção em cada notícia sobre política. Pouco tempo depois, nos almoços em família, ao invés de ficar discutindo novela ou qualquer outro assunto “fútil”, conseguia conversar com propriedade sobre a política regional.

Antes de impor que o brasileiro vote, seria interessante que houvesse um ensinamento político. Cada um sabe o que é melhor pra si, mas isso nem sempre é o melhor pra sociedade, por isso defendo que o voto seja facultativo, poderemos analisar se temos ou não interesse/autonomia para contribuir com o futuro de uma população.


Por Betina Lopes de Mello

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